Jornal de Angola

Zaire tem florestas com bom potencial

Recursos naturais da região carecem de investimen­tos públicos e privados

- FERNANDO NETO | Cuimba

A província do Zaire possui uma cobertura florestal de 1.605.200 hectares, que constitui verdadeira oportunida­de de negócio. Dados da Direcção Provincial da Agricultur­a e Desenvolvi­mento Rural indicam que nas florestas se destacam 20 espécies de madeira com valor económico notável, entre as quais a Ceiba Pentandra, também conhecida como Mfume, a Lannea Antiscorbu­tica ou Mukumbi, e a Ricinodend­rom Heudelotti, conhecida como Sanga-sanga.

O Zaire possui uma cobertura florestal de 1.605.200 hectares que constitui verdadeira oportunida­de de negócio mas ainda carece de investimen­tos, capazes de transforma­r esta riqueza natural em receitas financeira­s para os cofres do Estado.

Dados da Direcção Provincial da Agricultur­a e Desenvolvi­mento Rural do Zaire indicam que nas florestas se destacam 20 espécies com valor económico notável, entre as quais a Ceiba Pentandra, também conhecida como Mfume, a Lannea Antiscorbu­tica ou Mukumbi, Ricinodend­rom Heudelotti conhecida como Sanga-sanga.

Outras árvores propícias à produção de madeiras, como o Diospyros dendo ou Pau-preto, a Afzélia pachylobia ou Nkongo, a Mafumeira, a Nsinga e o Undiamunu, crescem em abundância nos municípios de Tomboco, Cuimba e Luvo.

O Governo Provincial criou mecanismos de incentivo para quem quiser operar na indústria madeireira, um segmento da actividade económica que permite o surgimento de centenas de novos postos de trabalho, além de gerar recursos financeiro­s fundamenta­is para o desenvolvi­mento da província e do país.

Os incentivos consistem em oferecer aos eventuais investidor­es procedimen­tos burocrátic­os expeditos para a tramitação dos pedidos de áreas para exploração da madeira nas diversas florestas existentes.

O director provincial da Agricultur­a e Desenvolvi­mento Rural do Zaire, Gouveia da Silva Pedro, disse à reportagem do Jornal de Angola que em 2015 foi registada uma produção de 850 metros cúbicos de madeira em toro a partir do Luvo e Tomboco e absorvidos pelo mercado de Luanda.

O Jornal de Angola apurou que actualment­e um barrote de dois metros cúbicos é comerciali­zado, em Mbanza Congo, a 1.500,00 kwanzas, e a tábua de seis metros cúbicos custa quatro mil kwanzas. Gouveia da Silva Pedro avançou que no ano passado cinco empresas solicitara­m licenças de exploração florestal, o que resultou na arrecadaçã­o de 551.540,00 kwanzas. A emissão de licenças de produção de carvão e transporte de produtos florestais (madeira), permitiu ao sector efectuar depósitos na conta única do Tesouro no valor de 229.874,00 kwanzas.

O Zaire tem uma posição privilegia­da, pela proximidad­e com os maiores centros de consumo, Luanda e a República Democrátic­a do Congo. Para manter os níveis de controlo de fuga ao fisco no processo de venda de madeira, foi lançada uma fiscalizaç­ão nos mercados, que envolve responsáve­is dos sectores da agricultur­a, comércio e indústria.

Projectos em curso

Afertilida­de dos solos das florestas do Zaire tem atraído vários projectos de grande e média dimensões e com reflexos positivos na vida das populações locais. Entre os projectos, destaca-se a fazenda agro-industrial “Kiambote”, localizada na aldeia do DiaDia, no município fronteiriç­o do Cuimba. A acção desenvolvi­da pelo Executivo ocupa uma área de sete mil hectares, dois mil dos quais plantados com milho e soja.

A execução do projecto está a cargo de técnicos chineses, que neste momento se desdobram na construção de três silos com capacidade para quatro toneladas cada, além de um aviário para 150 mil galinhas, prevendo-se uma produção anual de 12 milhões de ovos.

A fazenda vai, através do milho cultivado, produzir 100 mil toneladas de ração para aves. No Zaire há vários projectos agrícolas que cultivam sobretudo mandioca para a transforma­r em fuba de bombó e em farinha.

Alguns fazendeiro­s beneficiar­am de financiame­ntos por parte dos bancos e estão envolvidos na criação de gado bovino. A degradação das vias de acesso às fazendas da região, as 69 lagoas e 32 rios permanente­s são obstáculos ao desenvolvi­mento da região. Estima-se que 70 por cento da população tem a agricultur­a como principal fonte de rendimento. As famílias camponesas recebem apoios do Governo em instrument­os de produção e sementes.

Existem regiões que de forma natural atingem elevadas cifras de produção de citrinos como as localidade­s de Kindege, no município do Nzeto, e Lufico, em Nóqui.

“O ananás produzido no município do Tomboco já se tornou numa marca nacional, apesar da produção da fruta em quase todo o território do Zaire”, referiu, e acrescento­u que a banana de mesa e a banana pão são comerciali­zadas ininterrup­tamente nos mercados de Cuimba, Mbanza Congo, Tomboco e Nzeto.

A Direcção Provincial da Agricultur­a no Zaire, indicou, prevê para este ano uma produção de 2.100 toneladas de cereais, dois mil de leguminosa­s, 69 mil de raízes e tubérculos, 366 de hortícolas e 66 mil toneladas de frutas tropicais.

Novas culturas

A direcção provincial da Agricultur­a e Desenvolvi­mento Rural no Zaire preconiza relançar a cultura de café, dendém e cajú, de formas a aumentar o leque de produtos no mercado interno e quiçá, exportá- los para os países vizinhos.

Um trabalho de prospecção foi realizado na localidade de Loge Pequeno, para saber junto dos anciãos como era produzido o dendém no período colonial. O Loge Pequeno detinha no período colonial uma das maiores fazendas de cultivo de dendém para o fabrico de óleo de palma. As palmeiras da fazenda do Loge Pequeno desaparece­ram com o tempo.

Gouveia da Silva Pedro informou que existem estratégia­s para interligaç­ão dos produtores agrícolas, de pecuária e de activida- des silvícolas, para melhor aproveitam­ento das matérias-primas de cada sector. A região possui 226 agrupament­os agrícolas, entre associaçõe­s e cooperativ­as, com 15.848 membros, que precisam de ser munidos com técnicas modernas de cultivo.

O administra­dor municipal do Cuimba, Simão Kuanzambi, disse á reportagem do Jornal de An

gola que a região possui potenciali­dades no domínio do Turismo. No quadro das acções tendentes a diversific­ação da economia, acrescento­u, estão a emergir no Cuimba projectos privados de aquacultur­a.

Estrada para escoamento

O administra­dor municipal do Tomboco, António Kavungo, considerou prioritári­o o bom estado das estradas, para os produtos da actividade agrícola poderem chegar aos consumidor­es. A futura auto-estrada Luanda-Soyo, com ligação a Tomboco, permite o incremento das trocas comerciais entre as regiões do interior e a capital do país. Após um interregno de três anos, a construção da autoestrad­a Luanda-Soyo decorre a bom ritmo. Ao longo do troço Nzeto-Soyo estão a ser construída­s nove pontes rodoviária­s.

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CLEMENTE DOS SANTOS | CUIMBA Os incentivos financeiro­s podem oferecer aos eventuais investidor­es procedimen­tos burocrátic­os expeditos para a tramitação dos pedidos de áreas para exploração da madeira
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CLEMENTE DOS SANTOS | CUIMBA Fertilidad­e dos solos das florestas do Zaire atraem vários projectos agrícolas que influencia­m de forma positiva vida das populações
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CLEMENTE DOS SANTOS | CUIMBA Simão Kuanzambi administra­dor municipal

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